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Segunda-feira, 17 de Novembro de 2025

Sustentabilidade

Decifrando o Mercado de Carbono: entenda os pilares do mercado que está transformando o futuro da economia

Da origem dos créditos à regulamentação brasileira, veja como o mercado de carbono funciona, quem são os atores envolvidos e mais

André Michelon
Por André Michelon
Decifrando o Mercado de Carbono: entenda os pilares do mercado que está transformando o futuro da economia
André L. J. Michelon - criado com IA
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O mercado de carbono já movimenta bilhões de dólares em transações internacionais e começa a ganhar forma no Brasil com estrutura legal e metas obrigatórias. Para compreender esse universo, é preciso entender os conceitos fundamentais: o que são créditos de carbono, como são gerados, quem os valida, quais os tipos de mercado existentes e como atuar com segurança nesse novo cenário.

O que é o mercado de carbono?

O mercado de carbono é um sistema que permite a negociação de créditos vinculados à redução ou remoção de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Ele se divide em duas grandes modalidades: o mercado regulado, com regras impostas por leis ou tratados, e o mercado voluntário, no qual empresas e organizações compensam suas emissões por iniciativa própria.

Nos dois casos, o objetivo é atribuir um valor econômico à poluição evitada, incentivando investimentos em projetos que reduzam o impacto ambiental global.

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Como nascem os créditos de carbono?

Créditos de carbono são gerados por projetos que comprovam a redução ou remoção de emissões, com base em metodologias reconhecidas. Esses projetos passam por etapas como:

  • elaboração técnica detalhada,

  • validação da metodologia aplicada,

  • auditoria por entidade independente,

  • e registro em uma plataforma digital com rastreabilidade.

Cada crédito representa uma tonelada de CO₂ equivalente que deixou de ser emitida ou foi removida da atmosfera.

Quem compra créditos — e por quê?

No mercado regulado, a compra é obrigatória: empresas que excedem seus limites legais de emissões precisam adquirir créditos para se manterem em conformidade. No mercado voluntário, empresas e até eventos compensam suas emissões por metas de ESG, marketing climático ou antecipação a regulações.

Setores como energia, transporte, indústria pesada e tecnologia lideram a demanda global, mas a tendência é de diversificação, com consumidores e investidores pressionando por compromissos reais de descarbonização.

Quem valida e garante a integridade dos créditos?

A integridade de um crédito depende de três pilares:

  1. metodologia reconhecida,

  2. verificação independente,

  3. certificação por entidade autorizada.

Organizações como Verra, Gold Standard e Climate Action Reserve lideram esse ecossistema, exigindo auditorias rigorosas e monitoramento contínuo. Após aprovados, os créditos são registrados em sistemas que evitam a dupla contagem e asseguram a rastreabilidade.

Como funciona o mercado voluntário?

Neste modelo, empresas compram créditos por livre iniciativa. É um ambiente mais flexível, mas também mais sujeito a assimetrias de informação e riscos. Os preços variam conforme o tipo de projeto, a região, o padrão de certificação e o apelo ambiental/social dos co-benefícios.

A ausência de regulação exige atenção redobrada à origem dos créditos, à transparência das plataformas de negociação e à reputação dos projetos envolvidos.

Como funciona o mercado regulado no Brasil?

O Brasil regulamentou seu mercado de carbono em 2024 com a Lei 15.042, criando o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), baseado no modelo “cap and trade”.

Empresas com emissões entre 10 mil e 25 mil toneladas por ano devem compensar sua pegada. Acima disso, são obrigadas a apresentar inventário e plano de descarbonização.
O ativo negociado será o CRVE — Certificado de Redução ou Remoção Verificada de Emissões.

A fiscalização prevê sanções severas para descumprimento: de multas a bloqueios operacionais e reputacionais.

Quais são os riscos e fraudes mais comuns?

O mercado de carbono, especialmente no formato voluntário, é vulnerável a práticas como:

  • Greenwashing: quando empresas alegam neutralidade sem base técnica real;

  • Créditos fantasmas: créditos emitidos sem comprovação de impacto;

  • Dupla contagem: quando o mesmo crédito é usado por mais de uma entidade.

Essas falhas minam a confiança do mercado e prejudicam sua efetividade climática.

Como participar com segurança?

Empresas e consultores devem atuar com responsabilidade técnica. Isso inclui:

  • atuar com metodologias reconhecidas,

  • evitar intermediários sem transparência,

  • exigir relatórios de verificação e dados rastreáveis,

  • e manter atualização constante sobre a regulação vigente.

Nesse mercado, credibilidade é o principal ativo.

Por que o carbono é considerado um ativo do futuro?

Carbono deixou de ser visto apenas como passivo ambiental e passou a integrar análises de risco, valuation de empresas, captação de recursos e decisões de investimento.

A precificação das emissões impulsiona inovação tecnológica, acelera a transição energética e redefine a competitividade empresarial.

Na nova economia, sustentabilidade e desempenho financeiro caminham juntos — e o carbono se posiciona como um ativo estratégico, ambiental e econômico.

 

Para aprofundar esses temas de forma visual e acessível, convido você a assistir à playlist "Decifrando o Mercado de Carbono" no meu canal no YouTube.
Acesse o link: Playlist Decifrando o Mercado de Carbono

 

FONTE/CRÉDITOS: André L. J. Michelon
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André Michelon

Publicado por:

André Michelon

Com 25 anos de experiência, André Michelon atua em finanças, tecnologia e sustentabilidade, promovendo mercados de carbono, práticas ESG e inovação, unindo ética, bem-estar e responsabilidade socioambiental.

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