A imagem é chocante, mas infelizmente real: uma escultura de orixá depredada no Mercado Público de Porto Alegre. Mais um capítulo vergonhoso da intolerância religiosa que cresce em meio ao discurso de fé, mas que se distancia — e muito — dos verdadeiros ensinamentos de Jesus Cristo.
É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda se use o nome de Deus para cometer crimes. Como pode alguém agredir uma representação sagrada para outra fé e, ao mesmo tempo, justificar isso com argumentos bíblicos? O vândalo da vez não destruiu apenas uma imagem; ele expôs a fragilidade do nosso entendimento coletivo sobre respeito, espiritualidade e convivência.
O caso, que envolveu a escultura de Bará — orixá cultuado nas religiões de matriz africana —, é um símbolo do quanto parte da sociedade ainda tenta impor uma única fé como se fosse verdade absoluta. Esquecem que o livre arbítrio, tão defendido nas Escrituras, também se aplica à escolha religiosa. Esquecem que Jesus, manso e humilde de coração, jamais usou da força para converter. Pelo contrário, foi Ele quem expulsou os vendilhões do templo — mas não por professarem outra fé, e sim por fazerem do sagrado um mercado.
Será que cobrar dízimos milionários em canais de televisão também não seria um tipo moderno de vendilhão no templo? Será que usar a fé como marketing, e o púlpito como palco, não é igualmente ofensivo ao espírito do evangelho?
Enquanto líderes religiosos midiáticos buscam fama e fortuna, outros seguem um caminho mais sombrio: pisam na fé alheia, alimentam o preconceito, incitam à violência. A fé que deveria unir, acolher e inspirar, se torna bandeira de guerra nas mãos erradas.
É hora de refletir. Porque quem agride em nome de Jesus, definitivamente, não O representa.

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