Qual é a cor do nosso país? Verde e amarelo? Vermelho? Azul? Em tempos de polarização, até a bandeira do Brasil passou a ser confundida com ideologia. O que antes representava um povo inteiro, hoje parece ter dono. E se pendurar a bandeira brasileira na varanda virou sinônimo de partido político ou de uma certa crença religiosa... então talvez tenhamos nos perdido pelo caminho.
Vivemos um Brasil partido. De um lado, a direita — conservadora, religiosa, marcada por discursos morais, nacionalistas e por igrejas evangélicas que se veem representantes “dos valores de Deus”. Do outro, a esquerda — associada às causas sociais, aos movimentos populares, às religiões de matriz africana, aos quilombolas, aos sem-teto, aos trabalhadores sem terra, muitas vezes sem voz.
Enquanto isso, as disputas não estão mais apenas nos parlamentos ou nas ruas. Elas moram dentro das famílias. Pais que deixam de conversar com filhos. Primos que se atacam nas redes sociais. Um pastor que condena o parente da umbanda. A fé, que deveria unir, virou ferramenta de separação. A política, que deveria servir ao povo, virou arma de guerra cultural.
E a bandeira, símbolo maior da nossa pátria, virou camiseta de torcida. Como se o Brasil tivesse lado. Como se o amor à pátria fosse exclusividade de um grupo. Mas a bandeira é de todos. O Brasil é de todos. Não há um lado só certo. Há milhões de vozes tentando sobreviver, buscando dignidade, respeito, comida no prato, e paz para viver.
A pergunta que fica é: por que tanta divisão? Por que tudo virou política — até o nosso verde-amarelo? Será que a paz exige concordância absoluta? Ou será que podemos discordar sem nos odiar?
Talvez o maior desafio de nosso tempo não seja vencer um debate, mas reaprender a escutar. Reconhecer que há sabedoria nas diferenças. Que não precisamos concordar em tudo para respeitar o outro. Porque, no fim, não será a ideologia que vai nos salvar. Será nossa capacidade de amar, de conviver, de acolher.
E, quando tudo isso passar — porque um dia passa — talvez a única cor que realmente importe... seja a cor da empatia. Do afeto. Do que nos faz humanos, antes de sermos eleitores, fiéis ou militantes.

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