Em um país fragmentado entre extremos, onde o debate político nos divide entre esquerda, direita e uma busca constante por uma terceira via, há algo que insiste em nos reunir em torno de um só sentimento: o futebol.
Num mundo onde a guerra ceifa vidas e sonhos, e onde as manchetes falam de corrupção, crises e intolerância, ver a bola rolar ainda é um respiro. E que respiro foi a virada histórica do Flamengo sobre o Chelsea. Um, dois, três gols — cada um deles como um manifesto silencioso, mas ensurdecedor: aqui, somos superiores com a bola no pé.
É impossível ignorar o brilho nos olhos das crianças, os sorrisos espontâneos nos bares, nas favelas e nos condomínios. Por um momento, somos todos iguais — todos torcendo, gritando, vibrando. A superioridade econômica, a tradição inglesa, os milhões investidos, todos tombam quando o talento brasileiro resolve dançar em campo.
Talvez nunca nos entendamos completamente na política. Talvez continuemos a ver o país dividido. Mas é impossível negar que, quando o futebol nos representa com garra, alma e improviso, ele nos mostra o que temos de mais valioso: nossa essência.
Que os jovens de hoje possam sentir esse sabor raro da vitória, que une, que consola, que inspira. Porque enquanto o mundo trava guerras por poder, o Brasil ainda vence batalhas com arte, com alegria e com um simples toque na bola que transforma tudo.

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